sexta-feira, 24 de junho de 2011



Ainda não contei de você a ninguém. Acho meio arriscado ou, quem sabe, mera superstição. Eu sei que as pessoas vão me pedir cuidado. De um jeito ou de outro, sempre soube que pegar leve era uma forma de me manter todas as minhas metades comigo mesma, até então sem saber pra quê servia isso.

Meus pés são a parte de mim que mais tenho vergonha e foi justamente por ali que você começou a fazer amor comigo. Como se iniciar pelo meu pior fosse um jeito de dizer que me aceitava, que me queria de qualquer jeito, azar se desde guria sempre fui a última a ser escolhida, do amor a times de vôlei. Você disse que eu era linda, mas lindo mesmo fica você quando mente pra mim. O que você mentir eu acredito.

É cedo pra dizer, ou tarde demais pra fugir. Talvez você seja um cachorro-cínico-egoísta apenas sendo gentil-romântico-atencioso só pra me enganar na sua cama. Mas se não for você, será outro qualquer. Melhor que seja você. É nisso que eu penso enquanto você arreda as teias de aranha que fizeram casa no centro das minhas coxas e na minha emoção.

Aí goza e sai de mim. Fica brincando com meu mamilo esquerdo, olhando admirado. Então, diz para eu não me mexer e esperar quietinha onde eu estou (como se quando eu estivesse na cama com você eu quisesse ir a algum outro lugar), volta e deita nu com teu violão e começa cantar com um choque entre o azul e o cacho de acácias, e diz que estranho mesmo é gostar do meu all star azul. Outros já estariam vestidos me levando em casa. Você não, quer mudar tudo. Fala coisas que aos poucos transformam minhas expectativas em certezas. Eu achava que sabia a tradução da palavra saudade. Aí vai você e muda tudo. Vai fazer xixi e volta com coca gelada e amendoim com jujuba. Gosto mais do tradicional, mas fui nota dez nas aulas que ensinam a impossibilidade de se ter tudo.

Eu não vou te pedir nada. Não vou te cobrar aquilo que você não pode me dar. Mas uma coisa, eu exijo. Quando estiver comigo, seja todo você. Corpo e alma. Às vezes, mais alma. Às vezes, mais corpo. Mas, por favor, não me apareça pela metade. Eu não quero saber onde você mora. Desde que você saiba o caminho da minha casa. Eu não quero saber quanto você ganha. Quero saber se ganha o dia quando está comigo. Eu não preciso do seu dinheiro. Muito menos do seu carro. Mas, talvez, eu precise dos seus braços fortes. Das suas mãos quentes. Do seu colo pra eu me deitar ou me aconchegar no fortinho do teu peito.



Eu te quero, na medida do impossível.

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