sábado, 1 de agosto de 2009

A noite será devagar...


bem, aqui estou eu
de novo
ouvindo as boas e velhas
músicas
de novo,
sentindo tristeza,
a boa
tristeza
à moda antiga
em que as lágrimas
não chegam
a sair.
bom.
ouço mais um pouco.

a mente pode
consumir quantidades
mágicas de
memória
enquanto a noite se
desdobra
noite adentro,
enquanto outro charuto
é aceso,
como se pode ficar
terrivelmente amuado
quando velhas
músicas seguem-se
uma às
outras,
rostos são
lembradas,
rostos jovens,
como fatias novas de uma
maçã,
estão mortos
agora,
quase todos
eles
mortos
agora.

a aparente
beleza e
a aparente bravura,
se foram.

sentado aqui
permitindo que meus
melhores sentidos
sejam diluídos pela
melancolia,
um homem
velho,
lembrando
de novo,
olhando de cima
a baixo o bar imaginário
cheio de assentos
vazios,
pensando naquela
criança com os loucos
olhos
vermelhos
que sentava lá
enchendo o copo e
enchendo e enchendo e
enchendo
de novo
ao ponto da
imbecilidade,
agora lembrando,
ouvindo
de novo,
permitindo a idiotice
entrar
de novo,
somos todos
idiotas para sempre
idiotizados
para sempre.
alegremente.
agora.


(C. Bukowski)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

(L)


"Talvez simplesmente eu seja feliz em ter você, por alguns momentos, ao meu lado. Talvez eu seja apenas chata melosa. Mas estou apaixonada. Talvez você seja tudo que eu quero, tudo que eu preciso ter. Talvez eu apenas precise de você ao meu lado para me deixar feliz o dia todo. Basta que eu cause um sorriso no teu rosto. Talvez a sua alegria me deixe feliz. Talvez você seja importante demais e eu não consiga pensar em outra coisa. Talvez você tenha se tornado mais que uma paixão. A única certeza que eu tenho é que você se tornou parte fundamental pro meu viver."

-

[Rafael B. modificado]

terça-feira, 26 de maio de 2009

Desencontro

-

Se ao menos eu pudesse dizer as coisas no exato momento em que nascem em mim. Me calo e por isso acreditam que sou desatenta. Busco apenas sentir da melhor maneira possível, e tentar assim, passar o máximo de sinceridade das coisas que me são. Sou ingênua demais quanto a momentos compartilhados. Quis me acostumar com a solidão e acabei conhecendo-a demais. Agora é ela quem eu procuro quando me sinto acuada, frágil demais em tentar ser alguma coisa. Não deveria ser o contrário? Deveria querer um abraço seu, algumas poucas palavras simples. Mas o mundo me joga contra coisas ásperas, duras de se sentir, inabaláveis. Não me acostumei a dividir momentos, e com isso acabei falhando no que queríamos ser juntos. Inquieta, respiração, deito a cabeça nos joelhos, sem pensar, pois não preciso disso por enquanto. Apenas sentir o momento me basta. Saber que me doem tantas coisas e que ainda assim, fui escolher compartilhar tudo isso. Desculpe pelos momentos em mim mesma, pelos instantes em que você, cansado, me pergunta coisas sem ter respostas. Queria que soubesse que se assim o faço é por saber que existem momentos em que as palavras nascem, momentos inexatos, mas estão lá. E elas sairão...quando enfim nos encontrarmos em um silêncio.

-

[Isa Perse]

sábado, 16 de maio de 2009

I, me and myself.

Resolvi ser sincera comigo mesma, não mais me enganar, me iludir. Preciso levar meus sentimentos mais a sério. Não tenho mais paciência nem idade para brincar de "faz de conta". Muitas vezes nosso pior inimigo somos nós mesmos e o que é pior, nem nos damos conta disso. Não quero e não vou mais ficar alimentando falsas esperanças e nem acreditar em promessas, que no fundo, eu sei que são infundadas. Preciso aprender a não brincar com os seus sentimentos, pois no final quem sai sempre perdendo é você. A partir de hoje, decido-me por mim. E só vou me doar para aquilo que realmente eu acredite que vale a pena. Porque eu sei que há coisas na vida pelas quais vale a pena lutar até o fim, mas também sei que algumas devem ser abandonadas no meio do caminho, para que a caminhada seja mais suave, menos dolorida.

-

[Vanessa G.]

Amar é. . .

O marido, ao chegar em casa no final da noite diz à mulher que já estava deitada:

- Querida, eu quero amá-la.

A mulher, que estava dormindo, com a voz embolada, responde:

- A mala... ah não sei onde está, não! Use a mochila que está no maleiro do quarto de visitas.

- Não é isso querida, hoje vou amar-te.

- Por mim, você pode ir a Júpiter, Saturno ou até à puta que o pariu, desde que me deixe dormir em paz...


-

[Malvadas]

terça-feira, 5 de maio de 2009

T_T

-

Estamos a vida toda à espera do momento em que nos vamos apaixonar. . . e quando isso acontece - bum! - temos saudades do tempo em que tínhamos controlo sobre tudo. E em que não nos sentíamos como gelatina 90% do tempo.

-

(a fast song)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Pure Hate [repostagem]

-

Encetou!

A furia que sai dos meus pulmões fogo que consome teu som de tolo pertuba a mente dos fracos que nunca olham pros lados. Queima essa ignorância que te domina, foge dessa porra que só fode, te leva pra lona, te pisa e te soterra, te levanta pros que te exploram!
Ódio!
Combustível pra minha reação
Matar ou morrer por mim!

Podridão que abarca impregna minha roupa e minhas narinas vou vomitar tudo de volta em você!
Dor!
Agora estás como merece!
Atolado na própria merda até o pescoço sem conseguir acenar pra quem se diz teu amigo
Veja eles fugindo.
Cores e promessas jogadas a se camuflar
Vamos chutar tua cabeça até o jogo começar, até esse lixo com idéias fúteis do pescoço se soltar!

O funeral não vai ser necessário.
Porcos sedentos comem da tua carne, bebem do teu sangue, deliciam tua pobre cabeça vermelha e do estomago das feras tu vais de figurado a literal seu bosta!


-

[HUGO *---*]


:D

domingo, 26 de abril de 2009

My Interpretation

-

Você fala sobre vida, você fala sobre morte
E tudo que existe entre isso
Como se fosse nada, e as palavras fossem assim fáceis
Você fala sobre mim e sobre você
E tudo que faço
Como se fosse algo
Que precisasse ser repetido
Eu não preciso um álibi ou de você para que eu perceba
As coisas que nós deixamos de dizer
Estão somente tomando espaço nas nossas cabeças
Diga que é minha culpa, vença o jogo
Aponte o dedo, mostre o culpado
Isso me faz subir e descer
Já não importa agora

Porque eu não me importo
Se eu jamais falar com você novamente
Isso não se trata de emoção
Eu não preciso de uma razão pra não me importar com o que você diz
Ou com que acontecerá no fim
Essa é minha interpretação
E isso não, não faz sentido

As primeiras duas semanas tornaram-se dez
Seguro minha respiração e me pergunto quando vai acontecer
Isto realmente importa?
Se metade do que você disse for verdade
Metade do que eu não fiz poderia ser diferente
Isso faria as coisas melhores?
Se nós esquecermos as coisas que sabemos
Teríamos algum lugar para ir?
O único jeito é acabar, eu posso ver isso agora

Porque eu não me importo
Se eu jamais falar com você novamente
Isso não se trata de emoção
Eu não preciso de uma razão pra não me importar com o que você diz
Ou com que acontecerá no fim
Essa é minha interpretação
E isso não, não faz sentido

Isso não é realmente um grande sacrifício.

E eu não preciso ser realmente ser compreendido por você
Pois está é minha interpretação, yeah, yeah, yeah...

-

[Mika - My Interpretation]

:)

terça-feira, 21 de abril de 2009

Paixão

"Paquerar é bom, mas chega uma hora que cansa! Cansa na hora que você percebe que ter 10 pessoas ao mesmo tempo é o mesmo que não ter nenhuma, e ter apenas uma, é o mesmo que possuir 10 ao mesmo tempo! A "fila" anda, a coleção de "figurinhas" cresce, a conta de telefone é sempre altíssima. Mas e ai? O que isso te acrescenta? Nessas horas sempre surge aquela tradicional perguntinha: Por que aquela pessoa pela qual você trocaria qualquer programa por um simples filme com pipoca abraçadinho no sofá da sala não despenca logo na sua vida???

Se o tal "amor" é impontual e imprevisível que se dane! Não adianta: as pessoas são impacientes! São e sempre vão ser! Tem gente que diz que não é... "Eu não sou ansioso, as coisa s acontecem quando tem que acontecer." Mentira! Por dentro todo ser humano é igual: impaciente, sonhador, iludido... Jura de pé junto que não, mas vive sempre em busca da famosa cara metade! Pode dar o nome que quiser : amor, alma gêmea, par perfeito, aoutra metade da laranja...

No fim dá tudo no mesmo.

Pode soar brega, cafona... Mas é a realidade. Inclusive o assunto "amor" é sempre cafonérrimo. Acredito que o status de cafona surgiu porque a grande maioria das pessoas nunca teve a oportunidade de viver um grande amor. Poucas pessoas experimentaram nesta vida a sensação, de sonhar acordada, de dormir do lado do telefone, de ter os olhos brilhando, de desfilar com aquele sorriso de borboleta azul estampado no rosto...

Não lembro se foi o "Wando" ou se foi o "Reginaldo Rossi" que disse em uma entrevista que se a Marisa Monte não tivesse optado pelo "Amor I love you" e que se o Caetano não tivesse dito "Tô me sentindo muito sozinho..." eles não venderiam mais nenhum disco. Não adianta, o público gosta e vibra com o "brega". Não adianta tapar o sol com a peneira. Por mais que você não admita: Você ficou triste porque o Leonardo di Caprio morreu em Titanic" e ficou feliz porque a Julia Roberts e o Richard Gere acabaram juntos em "Uma Linda Mulher". Existe pelo menos uma música sertaneja ou um "pagodinho" que te deixe com dor de cotovelo. Quando você está solteiro e vê um casal aos beijos e abraços no meio da rua você sente a maior inveja.

Você já se pegou escrevendo o seu nome e o da pessoa pelo qual você está apaixonada no espelho embaçado do banheiro, ou num pedacinho de papel. Você já se viu cantando o mantra "Toca telefone, toca" em alguma das sextas-feiras de sua vida, ou qualquer outro dia que seja. Você já enfiou os pés pelas mãos alguma vez na vida e se atirou de cabeça numa "relação" sem nem perceber que você mal conhecia a outra pessoa e que com este seu jeito de agir ela te acharia um tremendo louco. Você, assim como nos contos de fada, sonha em escutar um dia o tal "E foram felizes para sempre". Bem, preciso continuar? Ok, acho que não... Negue o quanto quiser, mas sei que já passou por isso, e se não passou, não sabe o quanto está perdendo.... 'O problema de resistir a uma tentação é que você pode não ter uma segunda chance'."

-

[Luiz Fernando Veríssimo]

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Have you ever been in love?

“Have you ever been in love? Horrible isn't it? It makes you so vulnerable. It opens your chest and it opens up your heart and it means that someone can get inside you and mess you up. You build up all these defenses, you build up a whole suit of armor, so that nothing can hurt you, then one stupid person, no different from any other stupid person, wanders into your stupid life...You give them a piece of you. They didn't ask for it. They did something dumb one day, like kiss you or smile at you, and then your life isn't your own anymore. Love takes hostages. It gets inside you. It eats you out and leaves you crying in the darkness, so simple a phrase like 'maybe we should be just friends' turns into a glass splinter working its way into your heart. It hurts. Not just in the imagination. Not just in the mind. It's a soul-hurt, a real gets-inside-you-and-rips-you-apart pain. I hate love.”

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[Neil Gaiman - Sandman - The Kindly Ones]

sexta-feira, 20 de março de 2009

A Grande Descoberta

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-Descobri! Descobri!
-O quê?
-O que eu quero de um homem. Eu finalmente descobri.
-Um filho.
-Não! Eu achava que era…mas no momento não tenho saco nem pra imposto de renda uma vez por ano, vou ter pra filho a vida toda?
-Alguém pra trepar domingo...sabe aquele tesão ridículo que dá ler um livrinho depois do almoço?
-Isso é umas. Mas não é isso.
-Não vai me dizer que é dinheiro.
-Não, isso é bom pra fazer piada em roteiro. Mas na vida real me dá bode.
-Alguém pra ficar na salinha de espera do Samaritano enquanto o médico tenta separar seu dedão das costas da mão, pós surto de ansiedade?
-Isso também parece ser algo lindo enquanto se luta por, mas quando se consegue, a vida fica chata que só.
-Cinema?
-Prefiro ir sozinha. Juro. É bizarro. Mas adoro ir sozinha ao cinema.
-Sair da toca protegida?
-Prefiro sair com as minhas amigas. Com homem o bom é ficar na cama, sair é pra caçar homem, o que não faz sentido com um.
-Jantar?
-Então, eu não como desde 2004.
-Amar?
-Hmmmm, eu já dedico isso inteiramente a mim e estou longe de me dar o suficiente.
-Então eu não sei.
-Eu quero tratar mal. Eu quero tratar mal. Eu quero tratar mal. Eu quero tratar maaaaaaaaaal !!!!!!!!!!!
-Esse é o problema das mulheres.
-Querer tratar vocês mal?
-É, só querer. A gente vai lá e trata. Fim da obsessão.

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HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

[Tati B.]

terça-feira, 17 de março de 2009

Crônicas do Amor

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Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.

Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no
ódio vocês combinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a
menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama
este cara?

Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura
por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim.

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.

-

[titio Arnaldo Jabor. ♥]

Silêncio.

-

Disse pra mim. Nenhum pio. Não vou falar nada. Já que sou tão imprópria, inadequada, boba. Já que nunca basto e se tento me excedo. Já que não sei o que deveria ou exagero em querer saber o que não devo. Nunca entendo exatamente, nunca chego lá, nunca sou verdadeiramente aceita pela exigência propositalmente inalcançável. Meu riso incomoda. Meu choro mais ainda. Minha ajuda é pouca. Meu carinho é pena. Meu dengo é cobrança. Minha saudade é prisão. Minha preocupação chatice. Minha insegurança problema meu. Meu amor é demais. Minha agressividade insuportável. Meus elogios causam solidão. Minhas constatações boas matam o amor. As ruins matam o resto todo. Minhas críticas causam coisas terríveis. Minhas palavras cuidadas incomodam. Minhas palavras jogadas, mais ainda. Minhas opiniões sempre se alongam e cansam. Minhas histórias acabam sempre no egocentrismo ou preconceito. Meu sem fim dá logo vontade de encurtar. Minha construção, desconstrói. Meus convites quase nunca agradam. Meus pedidos sempre desagradam. Meus soquinhos de frases são jovens demais. Meu bombardeio de coisas sempre acaba em guerra. Minha paz que viria depois nunca chega, pois eu nunca chego. Minha voz doce assusta. Minha voz brincalhona é ridícula. Minha voz séria alarde. Nenhum pio. Disse pra mim. Falar do que sinto é, na hora, desintegrar com seu olhar. Então fico me perguntando sobre o que deveria dizer, se só sei o que sinto. Devo sentir por personagens de livros, filmes, jornais e ruas? É assim que se diz sem ser o que não importa de verdade? E se for o contrário? Mas pra dizer do contrário, fica sempre no ar, é melhor não dizer. Se digo algo sobre minha vida, só sei falar de mim. Se digo algo sobre a vida dele, coitada de mim, achando que sei alguma coisa da vida. Se falo sobre a vida dos outros, que papo furado é esse? Se falo sobre coisas me sinto mais uma delas. Se provoco, eu que provoque sozinha porque ele não é trouxa de cair. Sobre livros, nunca são os que interessam. Sobre minha reportagem, nem quis ler. Meu trabalho nunca foi e nunca será da mulher dos sonhos. Meus sonhos evito falar, um medo de ser menina. Quieta. É assim que será. Se digo certo, isso logo acaba. Se digo certeiro, acabou. Se digo errado, nunca acaba. Se eu for mulher, mulher é um saco. Se eu for homem, homem só existe ele. Se eu for criança, fale com sua analista. Nenhum pio. Combinei comigo. Falar da gente pode? Pode, desde que, depois, eu tenha estrutura para ver toda uma massa desistente desabando sobre meu sofá pequeno. Nadinha. Não vou falar nada. Sobre dor não toca. Sobre prazer toca pouco. Nada. Porque toda vez que eu pergunto, quase ofende. E se respondo, ofende mais. E se exclamo, minha vontade de viver soterra. E se são três pontinhos, não posso. Se começo preciso terminar. Mas quando termino, ele já não está mais. Se repito, quase explode. Se digo uma, sou boa de ser guardada em algum lugar que nunca vejo. Se não explico, pareço louca. Se explico, sou louca. Quieta. Isso! Você consegue! Se for o que eu penso, eu penso errado. Se for o que eu não penso, errei por não pensar. Se não for nada disso, eu que pensasse antes. Se estou animada, cuidado com a rasteira. Se estou desanimada, não tem mão pra levantar. Nada. Não vou sussurrar. Nem gemer. Nenhum som. Respiração muda. O silêncio absoluto. Olhando pra ele. Lembrando de quando ele me disse que é no silêncio que se sabe a verdade. E a verdade chega como um teto gigante que desaba numa cabecinha de vento. O que eu mais temia. O que eu não queria descobrir. Ela me diz. E o pior é que eu nem posso falar por ela. É tudo mentira.

-

[Guess who! :)]

segunda-feira, 2 de março de 2009

Clarisse L.

-


Já escondi um amor com medo de perdê-lo,
já perdi um amor por escondê-lo
.
Já segurei nas mãos de alguém por medo,
já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.

Já expulsei pessoas que amava de minha vida,
já me arrependi por isso. Já passei noites chorando
até pegar no sono, já fui dormir tão feliz,
ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.

Já acreditei em amores perfeitos,
já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram,
já decepcionei pessoas que me amaram.

Já passei horas na frente do espelho tentando
descobrir quem eu sou!
Já tive tanta certeza de mim,
ao ponto de querer sumir...
já menti e me arrependi depois,
já falei a verdade e
também me arrependi.

Já fingi não dar importância
às pessoas que amava,
para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza,
já chorei de tanto rir...

Já acreditei em pessoas que não valiam a pena,
já deixei de acreditar nas que realmente valiam.

Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.

Já senti muita falta de alguém,
mas nunca lhe disse.


Já gritei quando deveria calar,
já calei quando deveria gritar
.
Muitas vezes deixei de falar o que penso
para agradar uns, outras vezes falei o que
não pensava para magoar outros.

Já fingi ser o que não sou para agradar uns,
já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça,
apenas para ver um UM AMIGO FELIZ.

Já inventei histórias com final feliz para dar esperança
a quem precisava. Já sonhei demais, ao ponto de
confundir com a realidade. Já tive medo do escuro.

Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer,
já me reergui inúmeras vezes
achando que não cairia mais
.

Já liguei para quem não queria
apenas para ligar para quem realmente queria.

Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo
de um pesadelo, mas ela não apareceu
e foi um pesadelo maior ainda.

Já chamei pessoas próximas de "AMIGO" e
descobri que não eram. Algumas pessoas nunca
precisei chamar de nada e sempre
foram e serão especiais para mim.

Não me dêem fórmulas certas, porque eu não
espero acertar sempre... Não me mostre o que
esperam de mim, porque vou seguir meu coração!

Não me façam ser o que não sou,
não me convidem a ser igual,
porque sinceramente sou diferente!

Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras,
não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não
serei a mesma pra SEMPRE!

Você pode até me empurrar de um penhasco
que eu vou dizer:

- E daí? EU ADORO VOAR!

-

(Clarisse Lispector)